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Simplicidade fugidia



É incontornável constatar o talento em complicar determinados assuntos, determinadas circunstâncias, mesmo sentimentos. Vivemos no alento de uma simplicidade fugidia que, infelizmente, parece ludibriar meio mundo e inquietar outro tanto. Embarcamos, incansavelmente, desesperadamente, num oceano de ilusões, culminando numa atroz perda de identidade. Resumimo-nos a mero produto do acaso das tendências, das celebridades, do que a sociedade considera ser o melhor para todos os seus constituintes. Cegam-nos e agimos compactuando com um regime que, talvez nem sequer conheçamos verdadeiramente ou, pelo menos, alguma vez tentámos. 

Percorremos avidamente, como um lobo que procura a sua presa, num ritmo exacerbado pela anacrónica necessidade. Não será irónico verificar que, ainda assim, a sua renovação é constante? Basta-nos um olhar parco para a eterna mesquinhez do mundo. Não vivemos as nossas vidas, mas tão somente aquelas que desejaríamos nos reflexos dos outros, cobiçando os seus retratos. Neste ímpeto de inveja e lúcida loucura, confluem a opinião não requisitada, porém não proibida dos jovens descontentes. Com a vida ou do que fazem dela?

É, no mínimo e sobretudo, engraçado e simultaneamente lastimável, após averiguar este frenesim e constante burburinho, desejarmos, paulatinamente um regresso ao passado, do cenário verdejante do campo. 

Todavia, não cessará o assunto de conversa num próximo dia, já distante daquela simplicidade fugidia.

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