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O tempo fala a sós com o passado

Rasgam e figuram imagens de tempos inevitavelmente irrecuperáveis. Através da sua forma, textura e sabor, relembram o ser na sua faceta mais humana de que cada momento é um conjunto de sensações polvilhadas de interpretações. Neste sentido, o mais ínfimo pormenor, a mais incólume reação e a mais insignificante consequência culminam num invariável e incontornável momento. Assim, viver implica, necessariamente, um confronto com a passagem do tempo.


Existem, contudo, recordações desencadeadas pelas mais diversas interações, desde as predominantemente positivas e sinceras, às incontestáveis recusas e demandas infelizes.


No universo onírico, escrupulosamente delineado pelos subterfúgios do nosso ego, as convicções, as nossas aspirações e a avidez que é tão característica e natural à essência universal, os sonhos rapidamente se transformam em poeira, intitulando-se de míseras quimeras.


Nesta azáfama da perseguição pela concretização dos objetivos e da missão a que todos nos propusemos com determinação, confiança e tranquilidade cultivamos o jardim do futuro, esperando ansiosamente por um único alento e conforto.


Cada etapa atrai, inevitavelmente, um misto de emoções e sentimentos diversos, de diferentes significados, de inquestionável importância.


Pergunto-me se tudo isto seria possível sem, ainda que na desventura dos dias, passados, presentes ou futuros, a memória não estivesse presente. Na verdade, por vezes, preferimos olvidar a tristeza que, serpenteando o nosso espírito, irrompe nas nossas vidas. Todavia, sem memórias perderíamos o nosso caminho que tanto ambicionamos e edificamos.


Na minha perspectiva, num ápice, contaremos, assim que a noite integrar os pedaços de tempo que nos constituem, as estrelas cadentes num universo infinito de possibilidades.


Escutar o som do mar, mergulhar demoradamente e sentir o toque silencioso de raios de sol.


Por fim, redescobrir a estrela polar, inexpugnavelmente nossa, e daquilo que nos move.


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