Até quando?
- BrunaSanta
- 21 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Existem momentos que assinalam o fim, o início ou a continuação de uma era. As aprendizagens, as diferenças e a evolução do pensamento de um significativo conjunto de populações salienta uma eventual mudança de era.
No entanto, o que é que sucede quando o pensamento permanece inalterado?
A curta-metragem “Two Perfect Strangers” retrata o quotidiano da comunidade negra nos Estados Unidos da América, a violência policial e surge no âmbito das manifestações do Black Lives Matter. É uma oportunidade para refletir sobre tudo aquilo que envolve os direitos humanos. A honestidade e sinceridade são constantes num filme que revela a revolta social de uma realidade cruel. Na minha opinião, é genial a forma como conta a história de toda uma comunidade que sofre diariamente.
É um argumento envolto em detalhes pertinentes, como o símbolo do infinito na porta ou, ainda, a escolha da roupa e o contraste entre a pele e a cor da t-shirt.
As personagens principais da obra são, segundo o meu ponto de vista, o cidadão americano negro e o polícia americano caucasiano, constituindo personagens-tipo. A história de tantos outros entre os quais, George Floyd e Breonna Taylor é inicialmente identificada pela ironia da parceira quando lhe diz para respirar.
Com o objetivo de demonstrar a quantidade significativa de vítimas pelas quais, infelizmente, têm de passar pela mesma situação, a personagem principal fica num ciclo temporal ou, em inglês, loop, evidenciado pelo movimento do número oito que, na horizontal, dá origem ao infinito.
Infinitas são as conversas, ações de sensibilização e manifestações para findar o racismo indiscriminado patente na formação policial. Para muitos pode tornar-se repetitivo e, talvez, um tanto óbvio. Contudo, não devemos esquecer que o que é evidente para uns é bastante complexo e difícil de interiorizar para outros.
É triste ver que uma sociedade cujas raízes estão no multiculturalismo apelar, nestas situações, à soberania de uma cultura. Todavia, engana-se quem pensa que a Europa não tem muito que aprender com isto, a História conta-nos que ainda necessitamos de entrar num processo intenso de tolerância e aceitação, para conseguirmos, de igual modo, respeitar valores objetivos, os direitos humanos.
Devemos procurar saber mais sobre diversidade e inclusão e, da mesma forma, desconstruir preconceitos e rumores acerca da etnia ou costumes de alguém. Idealmente, as diversas comunidades, não teriam que se preocupar com atos de violência física ou verbal para com os seus hábitos e modos de vida.
Mas também é certo e sabido que aceitar a tolerância contra a intolerância é, já, ser intolerante.
Concluindo, apelo à reflexão sobre a diferença e saliento a importância que deve ser dada à educação nestas temáticas.
Eduquemo-nos para educar os demais.
{“Dois Perfeitos Estranhos” está disponível na plataforma de streaming Netflix, tendo sido nomeada para os Óscares.}
Bruna Santa
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