Rebuliços do tempo
- BrunaSanta
- 12 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Rebuliços do tempo
Os últimos meses têm sido complicados, e isso até é um eufemismo, na verdade, têm sido caóticos. Vemo-nos emaranhados no tempo, 2021 parece uma repetição enfadonha de 2020, a pandemia mudou e ainda está para mudar ainda mais a nossa perspetiva do funcionamento da nossa sociedade, por completo. Aquilo que considerávamos como algo que nunca nos poderia ser retirado, já foi e também provocou dor, de uma forma quase inexplicável e impessoal. Toda esta adaptação à mudança, este rebuliço do tempo vai e já está a mudar o modo como nos relacionamos. Entre pausas, agora cada vez mais curtas, apercebemo-nos do quão valioso era o nosso modo de vida, os nossos convívios, a liberdade de circulação que agora se apresenta tão escassa, mais restringida. As gerações vindouras nascem com um mundo em crise, económica, financeira, social e ambiental. O mundo que vamos reconstruir, o mundo da nossa geração, passará, à semelhança de tantas outras gerações, por uma crise, mais profunda, destrutiva e com uma agravante, a incerteza nunca se mostrou mais presente e mais arrepiante, além de que a ingenuidade acaba onde o horror começa. As transformações no mundo do trabalho já são visíveis, e, pode-se afirmar que, as competências do mundo digital e de organização serão imperativas. A maioria terá passado por um processo de adesão ao grupo dos workaholic, vivemos agora numa realidade de seleção natural direcional.
E no meio deste rebuliço temporal, tentamos aprender, celebramos as pequenas vitórias, convivemos através dos ecrãs, com métodos com os quais nunca imaginámos, pelo menos tão cedo. É o futuro, cada vez mais próximo, sorrateiramente, leva-nos ao mar da verdade nua e crua, de que não passamos de meros mortais, com uma esperança e determinação finitas, mas poéticas. Somos constantemente desafiados, pelas desigualdades, pela efemeridade da vida, pela própria justiça. Os nossos valores, os menos enraizados, mudam, ao mesmo ritmo da nossa consciência. Como cidadãos, percorremos o caminho do outro, ultrapassamos o egoísmo e egocentrismo, procuramos agir em prol de uma comunidade.
Concluímos que o tempo é uma mera convenção, não pode ser contínuo, ou existir sequer, poderia simplesmente ter começado agora e, esta não seria uma revolução, mas sim o começo de todo um mundo do avesso, aparentemente.
Que encontremos conforto no meio do caos e desordem.
Bruna Santa

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